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Yoga sim é plano de saúde, o resto é plano de doença!

Yoga sim é plano de saúde, o resto é plano de doença!
Por Manoela Rangel

Nesse período de eleições falou-se muito em plano de governo, e um dos focos principais, sem dúvida, foi a saúde pública. Quais seriam as medidas mais eficientes para melhorar a qualidade da saúde do brasileiro? Ouviu-se muito discurso sobre construção de novos e modernos hospitais, distribuição gratuita de remédios, contratação de médicos... Bom, considerando que a população precisará mais e mais de toda essa parafernália hospitalar, entendo que o foco do governo na saúde, é a doença.

Imagine por um instante que o governo investisse num plano de auto-gestão. Como assim? Um plano de ação direcionado ao auto-conhecimento, oras! Esta política iria promover a utilização do mais completo e perfeito laboratório farmacológico que já se teve notícia: O CORPO HUMANO. Sim! Nós somos detentores de um laboratório químico que, se devidamente acionado, decretaria estado de falência da Roche ao Schering, desbancando talvez a Weleda (para os que aderem aos fitoterápicos). Somos tão capazes de criar como de curar qualquer desequilíbrio (ou doença) que tenha se instalado no organismo.

Com tamanha audácia nas afirmações, o leitor deve estar se perguntando como posso legitimar minhas palavras. Eu poderia narrar um capítulo da minha vida que hoje me faz tão contundente na defesa do “plano de saúde pessoal”. Porém mais válido aqui é colocar como o Yoga pode contribuir para que você nunca precise recorrer ao nosso Sistema Único de Saúde, o SUS.

“Okay”, vamos primeiro entender a doença. A grosso modo pode-se dizer que ela é a conseqüência de um desequilíbrio, do mal funcionamento de um setor desse complexo sistema integrado que é o corpo humano. Visualize o fluxo de carros de Floripa. De repente ocorre uma batida na Av. Beira Mar que interdita o tráfego. Isso irá causar uma contenção do fluxo e um congestionamento crescente nos arredores do epicentro do problema, a batida. Quanto maior a demora para desatar o nó, pior ficará o trânsito na cidade.

De forma análoga se comporta nosso organismo. Um fluxo de energia ficou estancado por determinada razão, seja ela um stress psicológico, algum exagero no estilo de vida, enfim, abriu-se uma brecha para que um fator externo ou interno causasse um desequilíbrio no funcionamento do corpo acarretando num quadro de doença. Pois bem, onde está o Yoga nesse contexto?

O Hatha Yoga, ou Yoga do corpo possui uma série de ferramentas para que o praticante conquiste o auto-conhecimento. Assim será possível identificar padrões físicos, que são a materialização de padrões de comportamento psico-emocionais. No nosso plano de saúde você é o médico. O seu papel como tal é de diagnosticar o desequilíbrio causador da enfermidade e então partir pra intervenção cirúrgica. E qual seria a sua surpresa se, estendido na mesa você notasse que o paciente é a sua cara! No Yoga os papéis não estão separados. Yoga significa união que se configura quando o praticante assume a posição de observador e observado, o cientista e seu objeto de pesquisa, o ator e o espectador, médico e paciente.

Toda cirurgia possui um “tema”, como por exemplo, uma ponte de safena. Assim também se dá numa aula de Yoga. O tema de hoje é abertura de peito, criando espaço na caixa torácica, abrindo o coração e deixando que as emoções ou a energia se movimente nessa área. Nessa “operação-yoga” os instrumentos cirúrgicos são principalmente os ásanas (ou posturas físicas), o pránáyáma (ou controle consciente da respiração) além de recursos mais sofisticados como drishtis (fixação do olhar num ponto específico) e bandhas (contração de determinado músculo, como o períneo e a região do baixo ventre).

Se os médicos não nascem sabendo o ofício da medicina, também os yogis e yoginis (aqueles que praticam Yoga) precisam de estudo e dedicação para entrar em estado de Yoga. Assim como as universidades formam doutores, as escolas de Yoga ou yogashalas aplicam um conhecimento milenar de técnicas e valores que irão formar uma pessoa mais lúcida e contenta. Esta será capaz de ministrar cirurgias na dimensão mais densa do ser, que é o corpo físico e também em seus aspectos sutis (mas não menos reais) como as emoções, a psique e a energia.

Então vamos à incisão rumo ao coração. Bisturi para abertura de peito: urdhva dhanurasana (mais conhecido como “ponte”). Alerta, começou uma hemorragia de emoções, intensifique o pránáyáma (respiração controlada) para estancar o transbordamento e estabilizar o quadro. Nossa, o médico se deu conta de que não deu a anestesia! Reza a cartilha da medicina yogi que este procedimento é para acordar e não dormir, abrir-se para as sensações e percepções mais profundas, sem fuga! Opa, a mente do paciente quer escapar: acione os bandhas (contrações dos esfíncteres e da região abaixo do umbigo), faça o drishti (foco do olhar) e respire!!! Mantenha o paciente no presente, no aqui e agora, único momento em que se pode mudar alguma coisa.

Com muita insistência, regularidade, disciplina e prazer, finalmente o paciente terá alta e estará apto a caminhar guiado pela pílula da liberdade. O medicamento “consciência” trouxe um estado de felicidade inabalável ao antigo enfermo. Este abraça seu médico e os dois se fundem. O grito que antes era de dor passou a soar como um longo e suave aouuuuuummmmm... A política da doença deu lugar à política da saúde.


Manoela Rangel é formada em artes cênicas pela UDESC.

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www.yogashala.com.br

 

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